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Um código díficil de se decifrar

Amanda Demetrio



“O Código Da Vinci”: livro ou filme? Caberia toda esta história, todos estes números, fatos, nomes e mistérios em algumas horas de projeção? Ron Howard (do premiado "Uma Mente Brilhante") deveria ter refletido mais sobre esta questão. Sim, era muito dinheiro envolvido, e mais de 40 milhões de leitores na expectativa. A pressão era grande, tanto o tombo quanto a ascensão teriam proporções enormes.

Ao sair da sessão, ainda em meio a uma quantidade infindável de fatos, me perguntei “Por quê?”, "Porque o grande sucesso da literatura não se repetiu no cinema?

Antes de tudo, porque são 500 páginas, e elas não podem ser colocadas em poucas horas. Com isto feito, os fatos se embaralham. E apesar de imagens falarem mais que palavras, o mundo que se cria com os ditos de Brown parece muito mais criativo do que o visto na tela.

Para quem não leu o livro o filme deve ser bom, porém cansativo, já que o feedback do espectador deve ser mais lento. As associações não são simples: criptografia, Da Vinci e sociedades secretas não são temas banais. Não que temas banais sejam necessariamente bons!

Quanto às atuações temos o destaque para Paul Bettany (Silas), um ator que teve sua chance como vilão e a aproveitou bem. O veterano Tom Hanks (Robert Langdon), não brilhou tanto quanto seu coadjuvante. Tom não convenceu, não teve a mesma atitude e agilidade que Langdon tem no livro. Sophie, interpretada por uma francesa (Audrey Tautou, de "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain"), surpreendeu, mas perdeu o charme da personagem original.

Uma vantagem dos cinemas é poder ver os quadros de Da Vinci, as lindas mansões e igrejas escolhidas por Dan Brown na composição da história. Destaque para a pirâmide do Louvre, que se torna palpável no filme.

Talvez por ter se ligado demais ao que Brown escreveu, o roteirista tenha falhado. Uma independência maior traria um sucesso diferente, já que cinema e literatura tem públicos-alvo, objetivos e características diferentes, gerando sucessos diferentes. O experiente diretor arriscou ao buscar o inusitado, e conquistou seus objetivos, dentro de suas limitações.

Enfim, vale a pena sim ver “O Código Da Vinci” no cinema, não para tê-lo como referência ao livro, mas tê-lo como parte da formação de um background cultural.

O Código Da Vinci (The Da Vinci Code)
EUA, 2006. Direção: Ron Howard Elenco: Tom Hanks, Audrey Tautou, Sir Ian McKellen, Paul Bettany e Jean Reno Duração: 149 min.