20.7.06

É um pássaro? É um avião?

Rafael Teixeira



Quatro filmes. Esse foi o número de vezes que o último filho de Krypton apareceu nas grandes telas, para salvar o mundo e a todos. Mas com a nova onda de filmes baseados em história em quadrinhos era impossível não imaginar uma visão atualizada do Superman. E quem teve nas mãos a tarefa de fazê-lo foi Bryan Singer.

Singer, que é mais conhecido hoje pelos êxitos com os dois primeiros filmes da franquia mutante (“X-men” e “X-men 2”) largou a possibilidade de terminar a trilogia para trabalhar com o icônico herói de capa vermelha. Por ser um dos mais conhecidos super-heróis de todos os tempos, Superman gerou grandes expectativas em todos, “mortais” e fãs de histórias em quadrinhos.

Depois de uma longa jornada, estreou no dia 14, “Superman – O Retorno”, a quinta investida do homem de aço nos cinemas. Diferentemente de “Batman Begins”, (sobre outro herói da mesma editora, a DC Comics) que conta as origens do homem-morcego e não tem ligação com os filmes que o precederam, o novo longa do Superman dá continuidade aos pontos importantes dos dois primeiros filmes dirigidos por Richard Donner (os dois últimos da mesma série foram um fracasso).

Após cinco anos fora do planeta Terra, em busca de vestígios do seu planeta natal chamado Krypton, Kal-El retorna ao seu lar terrestre para descobrir que as coisas mudaram bastante sem a presença do Superman. Ele retorna a sua vida dupla como Clark Kent e seu trabalho no Planeta Diário, mas acaba descobrindo que nem todos esperaram por seu retorno: sua amada Lois Lane está noiva e tem um filho. Também para sua surpresa, seu arquiinimigo Lex Luthor está solto e planeja uma vingança definitiva contra o herói.

“Superman - O Retorno”, traz uma visão bastante humana do Superman/ Clark Kent tendo que lidar com as transformações na sua vida, entendendo seu papel como herói e tentando achar seu lugar aqui na Terra, depois que ele se descobre "sozinho" no universo: não é à toa que o chamam de o último filho de Krypton.

A fotografia do filme é espetacular, e a forma como cada tomada foi dirigida mostra a habilidade e o senso estético de Synger. Senso este que causou polêmica na hora das modificações no uniforme (cores mais escuras, brasão menor) e na escolha dos atores (um desconhecido para atuar como o homem de aço, uma atriz muito jovem como Lois Lane), mas que no fim mostraram-se extremamente coerentes e válidas.

Brandon Routh, ainda novato nas grandes telas, está perfeito no papel de Kent/Superman. Não só pela sua atuação convincente tanto como o desajeitado e tímido Clark Kent e o determinado, sincero e forte Superman, ou pela sua incrível semelhança com Christopher Reeve (o Superman original) e com o personagem das histórias em quadrinhos, mas também por um carisma que lhe parece inato, e que o faz empunhar o brasão do "Super" com maestria.

Já Kate Bosworth se mantêm razoável como a nova Lois Lane. Consegue transmitir um pouco de sua determinação e seu caráter indomável. Bosworth, porém, continua parecendo por demais jovem para representar a intrépida repórter do Planeta Diário, e sua atuação muitas vezes não consegue transmitir a força que a personagem dos quadrinhos possui.

Kevin Spacey consegue se superar como um Lex Luthor divertido e maquiavélico ao mesmo tempo, com pitadas de humor negro e sadismo requintado. Ele sempre aparece acompanhado de Kitty (Parker Posey, responsável pelas grandes risadas no filme), sua louca e hilária parceira de crimes.

Eu nunca vou entender porque James Marsden (o Ciclope da trilogia “X-men”) reduziu seu papel no terceiro episódio da franquia mutante, para aceitar o papel de marido traído nesse filme.

Não obstante, o filme não consegue satisfazer aqueles que esperaram tanto por um novo filme do homem de aço. Primeiro, o filme tem mais de drama e romance do que ação propriamente dita. Há cenas memoráveis do super-herói em ação, mas não o suficiente. O filme se centra mais no romance de Lois e Superman, e em como o mundo reage à volta do antigo super-herói, o que não é negativo, mas pouco atende as premissas de um filme de ação baseado em histórias em quadrinhos.

Tudo é muito silencioso, e você escuta muito pouco a voz do próprio protagonista. O filme também demora a chegar no seu clímax, e quando isso acontece acaba muito cedo. Sem falar no final que é um tanto dramático e piegas.

A nova versão parece realmente ter sido criada para dar um ponto final a série do Azulão... Ou não, como sempre acontece com os grandes blockbusters. Por ser o quinto filme, parece ter se descuidado na ação, e se concentrado demais no drama da história.

O retorno do Superman, portanto, foi recebido com grande exaltação pelos espectadores de todo o mundo, mas com certeza poderia ter sido mais monumental, cativante e surpreendente. Mais condizente com o manto que carrega (uma capa vermelha e um grande "S", pra ser mais exato).

Superman – O Retorno (Superman Returns)
EUA, 2006. Direção: Bryan Singer Elenco: Brandon Routh, Kevin Spacey, Kate Bosworth Duração: 154 min.

Um código díficil de se decifrar

Amanda Demetrio



“O Código Da Vinci”: livro ou filme? Caberia toda esta história, todos estes números, fatos, nomes e mistérios em algumas horas de projeção? Ron Howard (do premiado "Uma Mente Brilhante") deveria ter refletido mais sobre esta questão. Sim, era muito dinheiro envolvido, e mais de 40 milhões de leitores na expectativa. A pressão era grande, tanto o tombo quanto a ascensão teriam proporções enormes.

Ao sair da sessão, ainda em meio a uma quantidade infindável de fatos, me perguntei “Por quê?”, "Porque o grande sucesso da literatura não se repetiu no cinema?

Antes de tudo, porque são 500 páginas, e elas não podem ser colocadas em poucas horas. Com isto feito, os fatos se embaralham. E apesar de imagens falarem mais que palavras, o mundo que se cria com os ditos de Brown parece muito mais criativo do que o visto na tela.

Para quem não leu o livro o filme deve ser bom, porém cansativo, já que o feedback do espectador deve ser mais lento. As associações não são simples: criptografia, Da Vinci e sociedades secretas não são temas banais. Não que temas banais sejam necessariamente bons!

Quanto às atuações temos o destaque para Paul Bettany (Silas), um ator que teve sua chance como vilão e a aproveitou bem. O veterano Tom Hanks (Robert Langdon), não brilhou tanto quanto seu coadjuvante. Tom não convenceu, não teve a mesma atitude e agilidade que Langdon tem no livro. Sophie, interpretada por uma francesa (Audrey Tautou, de "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain"), surpreendeu, mas perdeu o charme da personagem original.

Uma vantagem dos cinemas é poder ver os quadros de Da Vinci, as lindas mansões e igrejas escolhidas por Dan Brown na composição da história. Destaque para a pirâmide do Louvre, que se torna palpável no filme.

Talvez por ter se ligado demais ao que Brown escreveu, o roteirista tenha falhado. Uma independência maior traria um sucesso diferente, já que cinema e literatura tem públicos-alvo, objetivos e características diferentes, gerando sucessos diferentes. O experiente diretor arriscou ao buscar o inusitado, e conquistou seus objetivos, dentro de suas limitações.

Enfim, vale a pena sim ver “O Código Da Vinci” no cinema, não para tê-lo como referência ao livro, mas tê-lo como parte da formação de um background cultural.

O Código Da Vinci (The Da Vinci Code)
EUA, 2006. Direção: Ron Howard Elenco: Tom Hanks, Audrey Tautou, Sir Ian McKellen, Paul Bettany e Jean Reno Duração: 149 min.

Pela Honra e Humildade


Rodolfo Mendes



O “Samurai do Entardecer” é cheio de pequenas ironias que seriam melhores aproveitadas se o espectador tivesse um bom conhecimento sobre a guerra pela qual o Japão passou na década de 1860. Mas isso é apenas um pequeno bônus se comparado ao prato principal que este filme de Yoji Yamada oferece.

A história se passa num período muito peculiar e complicado da história do Japão, a restauração do poder monárquico, que se consolidou apenas com a Guerra Boshin em 1868 quando o xogum (governante militar) devolveu os poderes ao imperador.

Mas o enredo é situado num período que antecede a eclosão da guerra. Seibei Yguchi (Hiroyuki Sanada) é, por assim dizer, um samurai azarado. Sua mulher adoeceu e acabou morrendo de tuberculose, e para não desonrar a família da falecida (de um padrão de vida mais elevado que a tua), Seibei arca com um funeral além de suas posses. Assim, acaba ficando endividado e com duas filhas pequenas para cuidar. Por não poder ficar bebendo com os amigos após o trabalho para ir cuidar das filhas, ele acaba ganhando o apelido de Samurai do Entardecer.

Em casa, Seibei distribui seu tempo entre os cuidados com as filhas e com a fabricação de pequenas gaiolas, que vende para complementar o orçamento da família e para pagar as dívidas. Logo não sobra tempo para os cuidados pessoais, e ele fica constantemente sem tomar banho e com as roupas rasgadas, fato que lhe deixa com a imagem ruim diante de seus superiores.

O dia a dia desse samurai muda com a chegada de uma amiga de infância recém divorciada de seu virulento marido. Ela ajuda Seibei cuidando de suas filhas enquanto este fica encarregado dos afazeres de samurai no palácio do clã.

A beleza do filme encontra-se na fidelidade com a época que busca retratar e na singela figura do protagonista. O Japão é ainda aquele dividido em castas e cheio das diversas obrigações de quem nele vive, e Seibei é um samurai que honra com todas essas obrigações de forma limpa e sincera. Contudo, ele se mostra maior do que isso. Tanto na educação de suas filhas quanto em sua postura diante de diversas tradições da época, Seibei se mostra um homem mais tolerante, flexível e aberto, ilustrando perfeitamente como a tradição e a modernização poderiam coexistir na nova era que iria chegar.

O filme merecia ter mais tempo para narrar a parte final da história, que fica sendo meramente contada por uma das filhas já adulta. As poucas cenas de luta, feitas segundo o figurino de um bom filme de samurai, deixam sobressair apenas pequenos defeitos que somente alguém entendido do assunto consegue perceber.

O desfecho não fica nem longe nem perto dos clichês do gênero, a sensação que fica é a de se ter assistido a uma história digna de ser tornar lenda.

O Samurai do Entardecer (Tasogare Seibei)
Japão, 2002. Direção: Yoji Yamada Elenco: Hiroyuki Sanada, Rie Miyazawa e Reiko Kusamura Duração: 129 min

18.7.06

Whisky ou vinho branco? Tragédia ou comédia?


Carlos Giffoni



Melinda e Melinda conta uma história, ou melhor, duas, que na verdade são a mesma, vista por diferentes ângulos.

Quatro amigos durante um jantar criam a personagem Melinda, interpretada por Radha Mitchell. Trata-se de uma jovem viciada em bebidas alcoólicas e pílulas, julgada por um crime e que acabara perdendo a guarda de seus filhos. Essa Melinda não tem esperanças, não acredita em si mesmo e parece não conseguir se livrar do seu passado. Bem, essa é uma Melinda.

Do outro lado da mesa eis que surge uma outra Melinda, de passado também não muito empolgante. No seu histórico carrega um casamento frustrado e a traição de um amante. Mas esta Melinda tem um ar diferente: a maneira como lida com os detalhes mais peculiares da vida transparece ser ela uma mulher feliz, ou pelo menos uma mulher que busca a felicidade. E a verdadeira felicidade pode estar onde menos se espera, um andar a cima do seu.

O que acontece ao redor de Melinda acaba influenciando em seu destino. Voltar para a casa de uma amiga cujo casamento está em crise pode não ser a melhor solução para quem pretende se encontrar. E, embora bater à porta de vizinhos desconhecidos quando não há mais nada que se possa fazer pareça imbecil, uma grande surpresa pode estar à sua espera.

Woody Allen brinca com quem assiste ao filme. Os destinos dos personagens em ambas narrações se entrelaçam ao ponto que suas histórias se confundem, sendo que na verdade a história toda é uma só: a vida como ela é: surpresas, decepções, amizades e traição... “tudo só depende da maneira como você a encara”.

Melinda e Melinda (Melinda and Melinda)
EUA, 2004. Direção: Woody Allen Elenco: Radha Mitchell, Chloë Sevigny, Will Ferrell e Chiwetel Ejiofor Duração: 99 min.

10.7.06

Os sem-floresta – Over the Hegde

Amanda Demetrio



Está nos cinemas a nova animação da DreamWorks: "Os sem-floresta". Dos mesmos diretores de "Shrek "(2001) e "Madagascar" (2005), o longa promete muito mais que diversão para a platéia. Este "mais" é uma visão diferente do ser humano, uma visão de quem vê de fora, de quem está além da cerca.

Eis o problema: a cerca. Quando chega a primavera, Verne (uma tartaruga dublada por Garry Shandling na versão original) e seus amigos descobrem uma cerca grande e verde no meio de sua floresta. Surge, então, RJ (Bruce Willis), um guaxinim que se dispõe a mostrar o que existe além da cerca a Verne e sua família.

O filme se originou de tirinhas de mesmo nome, feitas por Michael Fry e T. Lewis. Desde 1995, elas apresentam, através de um humor inteligente, uma visão crítica dos hábitos sociais do ser humano. RJ, Verne e o resto da família criticam o costume do homem de querer sempre mais, sempre o maior, de que "bastante nunca é bastante.

No contexto da sociedade de consumo nada mais bem colocado do que esta crítica. "Os sem-floresta" é um filme que sai da tela e vem pra vida real, coisas que são consideradas pequenas são colocadas na película e nos fazem parar para refletir sobre nossos hábitos.

O mais é legal é o filme ir contra a própria indústria que o produziu, pois ele critica os excessos e a megalomania que todo homem tem um pouco, quando não deixa de ser mais um produto desta indústria cultural, que alimenta um público sedento por novidades.

Além de tudo isto, continua sendo um filme para crianças. A linguagem, as cores, animais falantes, tudo isto nos remete ao mundo infantil. Então não tem desculpa, adultos e crianças podem assistir, porque os animais do filme são muito mais que "bonitinhos.

Verne vai conquistar as crianças com seu espírito de liderança, "pai" da família, além de muito engraçado. Ele e seu casco dão muito motivo para risada, vocês já viram uma tartaruga sem casco, pelada? Então vão ver neste filme.

RJ, amigo de Verne, pode parecer vilão de começo, mas ele vive apenas um dilema entre o dever e o querer. Todo esperto, com sua sacola de golfe (onde coloca seus objetos "humanos"), e sua boa lábia, ele vai se mostrar apenas mais um "... trapaceiro solitário", como disse Bruce Willis, ao ser perguntado sobre seu personagem.

E o primeiro a ser conquistado por RJ é Hammy (Steve Carrell), um esquilinho superativo muito engraçado. Em cenas do tipo "Matrix" ele mostra que é tão rápido quanto a luz, e ajuda o grupo a combater os perigos que se encontram além da cerca.

Enfim, todo o filme mostra onde e como surgiu a amizade de RJ e Verne, colocando um começo para a tirinha que é sucesso desde 1995. Os quadrinhos podem ser encontrados no site http://www.comics.com/comics/hedge.

Os Sem-Floresta (Over the Hedge)
Direção: Tim Johnson e Karey Kirkpatrick. Elenco de Vozes: Bruce Willis, Garry Shandling, Steve Carrell, Thomas Haden Church e Avril Lavigne Versão Brasileira: Preta Gil Duração: 83 min.

A Noiva Síria - Ha-Kala Ha-Surit

Tatiane Klein



Silêncio: é este barulho inaudível que costura a narrativa de A Noiva Síria, um filme do israelense Eran Riklis. Mona (Clara Khouri) vive nas Colinas de Golan, em Israel, e está prestes a se casar com Tallel, um artista da televisão síria, de quem ela sabe pouco mais que os trejeitos cômicos, tanto quanto qualquer outro telespectador conhece. Como uma drusa, a noiva tem nacionalidade indefinida e, portanto, ao casar-se ganhará a cidadania síria, de modo a não mais voltar ao território israelense de Golan.

Dissolvem-se e se misturam, nas neblinas da incerteza, a perspectiva de felicidade do outro lado da fronteira e do perpétuo afastamento familiar, atribuindo à noiva aquele gosto de lágrima escorrida até a boca, doce e amargo orbitando lado a lado. Tão agridoce quanto a noiva tácita sob a figura de Mona: Golan. Tal qual a moça, a comunidade étnico-religiosa drusa divide-se entre o alinhamento político com a Síria – numa relação de verdadeira admiração pelo país – e a participação no círculo geográfico israelense, o governo que afaga e controla esta nação amorfa.

O ambiente do filme trabalha no pareamento das duas personagens centrais. O céu de Golan é de um matiz cinza-azulado, oscilando para o reticente clima do crepúsculo, entre a noite que se aproxima e o dia abandonado do outro lado dos muros. A paisagem terrestre é de vegetação rasteira e de pequenos espaços desertos, espasmos de vida e não-vida abraçados por arame farpado. A trilha sonora registra características semelhantes, sendo, talvez, o elemento mais forte na construção da atmosfera: o compositor enlaça referências musicais da cultura local com violoncelos, violinos, e outros instrumentos da música clássica ocidental, lançando mão de tonalidades menores. A festividade das músicas tradicionais drusas é mergulhada em melancolia.

Ainda que Mona represente primeiramente a dicotomia entre tensão e realização do sonho, todos os outros personagens inserem-se nesse mesmo cenário. A imagem de Amal (Hiyam Abass, de Paradise Now e Munich), irmã da noiva, retratada na primeira e na última cena do filme, representa o desejo de transcender as fronteiras de um casamento infeliz, em busca da independência econômica, emocional. Hattem (Makram Khoury), o pai, é um ex-preso político que confunde a impassibilidade de suas convicções e seu status na comunidade drusa, com o amor que tem para com seus. Há ainda a incerteza sobre o casamento, plano de fundo que reitera essa dicotomia, constantemene dificultado pelos trâmites burocráticos das duas nações.

O que vemos é uma história de iminências, de um estado de quase-coisas, da liquidez entre solidificação e vaporização, construindo o discurso não só dos caminhos não delimitados das personagens, mas da própria dubiedade inexorável aos fenômenos humanos. Consequentemente, o filme é também um símbolo da transgressão, da “invasão” de novos territórios, na transposição de todas as cercas (estas registradas na fronteira onde se realiza o casamento), a despeito das conseqüências. Uma obra sobre as vontades, o silêncio como palavra latente, sobre o desejo de se expressar com os olhos cheios d’água.

A Noiva Síria - Ha-Kala Ha-Surit
França / Alemanha / Israel, 2004. Direção: Eran Riklis Elenco: Hiyam Abbass, Makram J. Khoury, Clara Khoury, Ashraf Barhoum e Eyad Sheet Duração: 97 min.