31.8.07

Sorria, você está sendo observado

Tatiane Ribeiro

Cansado daquele seu vizinho pentelho que fica vigiando sua vida 24h por dia? De saco cheio daquela velha que sabe que horas você chega e com quem? Não fique bravo(a) com eles, você nunca sabe se o outro vizinho, aquele meio estranho que mora a frente, pode ser um serial killer. E mais. Talvez só esses vizinhos curiosos poderão te dizer! Acha que eu estou exagerando? Ou que isso é coisa de cinema? Tá, tudo bem. É mesmo coisa de cinema. E de cinema à la “sessão da tarde”!

“Paranóia” é um filme assim, feito para já se saber o final. Conta a história de um adolescente que tem um surto na escola (alguma semelhança com a realidade escolar dos norte-americanos?) após a morte do pai e bate no professor. Condenado a 90 dias de prisão domiciliar, com direito a chip preso em tornozeleira, ele passa seus dias entre internet, vídeo-game e vigiar a vida dos moradores de sua rua.

Como não podia faltar, ele conhece a nova vizinha, Ashley (Sarah Roemer, de “O Grito 2”), e descobre que ela também adora saber da vida da vizinhança. Tudo muito bonito, tudo muito pacato (e chato), até que Kale (Shia LaBeouf, de “Transformers”) começa a desconfiar que um de seus vizinhos é um assassino em série fugitivo de Las Vegas. Mas quem acreditaria em um adolescentezinho rebelde e suas teorias malucas? Só mesmo seu parzinho romântico e seu amigo Ronnie (Aaron Yoo).

O filme, assim, se passa sem muitas surpresas e sem dar brechas à imaginação do espectador, que já sabe desde o início o fim da trama. A trilha sonora também não ajuda muito, não sai do básico, do esperado.


Inesperada é a atuação de Carrie-Anne Moss (da trilogia “Matrix”), que faz a mãe de Kale, Julie. Mesmo diante de uma personagem fraca e mãezinha boba, ela faz cenas emocionantes dentro do contexto (lembre-se: ainda é um “sessão da tarde”).

E falando em atuação, parece mesmo que LaBeouf está com tudo em cima. É a mais nova aposta de Spielberg, e parece ser o nome da vez em Hollywood. Mas com suas atuações fraquinhas, nunca se sabe até quando ele estará no topo.

“Paranóia” não chega nem perto de ser um grande filme. Nunca será lembrado pela posteridade por autenticidade (já que é muito semelhante a “Janela Indiscreta”) e nem pela trama forte. Mesmo assim, dentro do contexto atual (nenhum grande filme, com exceção de “Os Simpsons”), é um blockbuster que vale a pena.

Paranóia (Disturbia)
EUA, 2007
Direção: D. J. Caruso
Elenco: Shia LaBeouf, Carrie-Anne Moss, David Morse, Sarah Roemer e Aaron Yoo
Duração: 105 min.

30.8.07

Uma Prova de Fogo

Saulo Yassuda
Jane Fonda tentou boicotar o relacionamento entre Jennifer Lopez e Michael Vartan em “A Sogra”. Meryl Streep quase pôs fim ao namoro entre Uma Thurman e Bryan Greenberg em “Terapia do Amor”. Agora, em “Licença para Casar”, de Ken Kwapis (“Quatro Amigas e um Jeans Viajante”), é a vez de Robin Williams (dessa vez como reverendo) atrapalhar o casal formado por Mandy Moore e John Krasinski.

Ben (Krasinski) e Sadie (Moore) formam um casal de noivos que não vê a hora de se casar. Ele é um rapaz fofo que adora paparicar a namorada, e ela, uma garota (também fofa) que tem um grande sonho: casar na igreja. Mas não é tão simples assim. Quer se casar em uma determinada igreja: a St. Augustine. E com um determinado pastor: o Reverendo Frank (Williams). Para isso, então, Sadie e Ben terão um longo caminho pela frente.

É que o reverendo só aceita casar os dois se eles fizerem seu famoso – e peculiar – curso preparatório para noivos, em que o casal passa por situações das mais bizarras e constrangedoras como, por exemplo, cuidar de dois bebês-robô histéricos que fazem muitas orgias escatológicas, seguindo os métodos pirados de Frank.

O religioso faz questão de atordoar a vida do casal, proibindo o sexo entre eles, perseguindo-os secretamente em lugares públicos e até colocando escutas nos locais mais inusitados onde o estejam.

Depois de tanto desgaste e confusão causados pelo curso, Sadie e Ben entram em crise: Devem ou não continuar o relacionamento? (Pergunta que só será respondida, surpreendentemente ou não, na cena final do filme).

Fazer personagens malucos, como esse pastor que coloca escutas, é uma constante na carreira do talentoso Robin Williams, que está sub-aproveitado neste filme. Apesar do ator ter carisma próprio, sua personagem – que tem papel de importância no longa – não é bem desenvolvida e, em algumas passagens, chega ao cúmulo das situações de ridículo e da inverossimilhança . Se fosse bem desenvolvido, ótimas piadas poderiam sair do papel. A maior graça do filme está apenas nos créditos finais, em que são mostradas trapalhadas dos atores durante os bastidores das gravações.

Boas piadas é o que falta no roteiro de “Licença para casar”. A maioria da “diversão” pretende ser encontrada na escatologia ou nas tiradas de mau gosto, que reforçam preconceitos e estereótipos – como os relacionados a indianos e pessoas obesas. Eles demonstram um politicamente incorreto velado, que não chega a ser cômico, como em filmes mais “explícitos” (como “American Pie” e o mais recente “Borat”, por exemplo).


Uma série de situações inverossímeis e personagens mal trabalhados se arrasta até o final do longa, que não sabe bem o que quer: se tende mais para o romântico ou o cômico, se escracha de vez ou se fica tímido, ou mesmo se quer um equilíbrio disso tudo.

Em “Licença para casar”, a prova de fogo não é só aquela por que o casal passa, mas também a que passa o espectador, que pode se sentir aborrecido no meio do filme. Um filme talvez para aquelas tardes sem nada – nada mesmo – para fazer. Mas só.

Licença para Casar (Licence to Wed)
EUA, 2007
Direção: Ken Kwapis
Elenco: Robin Willims, Mandy Moore, John Krasinski
Duração: 100min

27.8.07

Inimigo interno

Bruno Benevides

Filmes de agentes secretos têm muitas diferenças, do sotaque ao drink preferido, mas em geral guardam uma característica comum, a missão dos protagonistas. Estes sempre são responsáveis por salvar o seu mundo, sendo assim, reflexos de sua civilização. A cinessérie do ex-agente secreto americano Jason Bourne mexeu com isso. Ele não está nem um pouco interessado em livrar o mundo de algum vilão megalomaníaco. Muito menos se importa em servir a rainha ou em salvar a pátria. Quer é descobrir quem o transformou em um assassino.

Este “Ultimato Bourne” completa muito bem a trilogia iniciada com “Identidade Bourne” e depois continuada com “Supremacia Bourne”. Nela, acompanhamos a busca do agente Jason Bourne para descobrir quem ele era antes de ter sua memória apagada. A cada uma das três partes o personagem e a série foram crescendo e amadurecendo, num resultado incomum para um filme desse gênero, já que no fim a ação não é o mais importante.

O elenco, que já era bom, recebeu boas adições. Os novos rostos têm como principal destaque David Strathairn no papel do chefão da CIA Noah Vosen, responsável pela caça do ex-agente e que parece recém saído do governo Bush, e Albert Finney surge como o Dr. Albert Hirsch. Matt Damon mantém seu Jason Bourne como alguém comum e não um super agente. Joan Allen volta como Pam Landy, diretora da CIA que nutre certa simpatia pelo espião. De ruim mesmo só o maior destaque dado a Nicky Parsons. Não que a personagem seja ruim, pelo contrário. O problema é que ela é interpretada por Julia Stiles. Aí não tem jeito.

O diretor Paul Greengrass traça um paralelo entre o filme e a realidade. O perigo de um governo sem fiscalização e o excesso das equipes de segurança surgem como problemas incomodamente reais nos dias de hoje. Duas cenas trazem ainda menções a episódios reais. A captura de um desconhecido em um ônibus londrino no começo do filme remete a morte do brasileiro Jean Charles de Menezes. E a cena da transformação de Jason Bourne traz uma imagem similar às fotos de torturas praticadas pelos soldados americanos na prisão iraquiana de Abu Ghraib.

Tecnicamente perfeito, o diretor ainda acerta ao construir a narrativa do filme como uma grande perseguição. Bourne está sempre em movimento, está sempre atrás de alguém ao mesmo tempo que alguém está atrás dele. No único momento que pára, o filme acaba. Os cortes rápidos e a breve duração da projeção ressaltam essa idéia de correria.

Por fim o resultado de tudo isso é que “Ultimato Bourne” agrada não apenas fãs de ação. Mais do que um filme desse gênero, a projeção é um filme político. A luta de Bourne não é pela pátria, é interna. Primeiro porque ele enfrenta o establishment, se confronta com sua civilização. Seus adversários são seus conterrâneos. Depois porque o agente se vê obrigado a questionar suas próprias escolhas do passado, descobrindo que ele também é responsável pelo que faz. O grande adversário, assim, é ele e a civilização em que vive. Sem dúvida esse é um filme que merece ser visto.



O Ultimato Bourne (The Bourne Ultimatum)
EUA, 2007
Direção: Paul Greengrass Elenco: Matt Damon, Julia Stiles, David Strathairn , Joan Allen, Edgar Ramirez, Albert Finney. Duração: 111 min.

Mentiras nem tão inofensivas

Cris Sinatura

O diretor dinamarquês Lars von Trier, que já tem cadeira cativa nos festivais de Cannes, vem ganhando destaque cada vez maior no cinema mundial desde a estréia de “Dogville” (2003), primeiro filme de uma trilogia sobre a vida norte-americana, da qual fazem parte também “Manderlay” (2005) e “Washington” (sem previsão de estréia).

Von Trier surpreendeu pelo modo inusitado e inovador de direção, pela simplicidade dos cenários, que consistem basicamente em marcações no chão, pelo ritmo de seus roteiros, cheios de diálogos e narração, e pela veracidade na atuação de seu elenco. Porém, em “O grande chefe”, o diretor decide deixar de lado o drama e o cenário americano para retomar o gênero da comédia em terras dinamarquesas.

Ravn (Peter Gantzler) é o dono de uma empresa de informática e pretende vendê-la para uma companhia islandesa. Porém, ele nunca se apresentou para seus sócios como o chefe; ao invés disso, inventou o “grande chefe”, um nome sem presença física dentro da empresa que pudesse arcar com a impopularidade de suas decisões.

Entretanto, o dono da empresa islandesa exige fazer as negociações diretamente com o “grande chefe” e Ravn se vê, então, obrigado a contratar um ator para dar vida à sua mentira. É assim que Kristoffer (Jens Albinus) entra em cena, como um chefe desajeitado, tímido e patético, sem nenhum conhecimento de informática ou de administração. A partir daí, constrói-se uma história bastante criativa e inteligente, que faz uma sátira sobre o mundo empresarial e suas relações de exploração.

Lars von Trier surpreende em “O grande chefe” por não se restringir ao posto de roteirista e diretor; ele também narra a história, aparecendo no filme de forma disfarçada, através de reflexos em espelhos. Além disso, como diretor, não se satisfaz com enquadramentos convencionais; a seleção dos melhores ângulos e dos melhores movimentos das câmeras foi feita por computadores, numa técnica chamada “Automavision”, o que dá um aspecto bastante natural e real à fotografia do longa.

“O grande chefe” é uma comédia diferente dos moldes hollywoodianos. O espectador não sairá do cinema com a barriga doendo de tanto rir, considerando que o humor dinamarquês é um tanto monótono, mas que, nem por isso, deixa de entreter.

Aliás, entreter é justamente a intenção de von Trier, que deixa claro, no início do filme, que aquela é uma comédia inofensiva, não merecedora de momentos de reflexão. “O grande chefe” é sua tentativa de se desfazer do aspecto politizado de sua outras produções.

Contudo, fica difícil não se permitirem alguns momentos de reflexão ao fim do longa, uma vez que ele nos remete, talvez não propositadamente, às mazelas do nosso mundo. Retrata a ganância e prepotência humana e evidencia como somos todos “grandes chefes” na arte de mentir.


O Grande Chefe (The boss of it all)
Dinamarca, 2006
Direção: Lars von Trier Elenco: Jens Ibinus, Peter Gantzler, Mia Lyhne, Iben Hjejle. Duração: 99 min

20.8.07

Finalmente, Os Simpsons

Rafael Benaque

Vinte anos atrás, Matt Groening foi requisitado para criar segmentos de animação para a série cômica da Fox “The Tracy Ullman Show”. Foi assim que surgiu um dos maiores sucessos da televisão: o seriado “Os Simpsons” (inúmeras vezes premiado, incluindo 23 Emmy e um Peabody, além de ter sido eleito pela revista Time o “melhor programa de televisão de século XX”).

Agora, dezoito anos depois de estrear como série independente, a inusitada família de Homer chega às grandes telas. Mas por que tantos anos de espera para produzir o filme, já que, na tv, os Simpson sempre foram um grande sucesso?

“Esperamos dezoito anos para fazer um filme porque não queríamos fazê-lo apenas por ser possível. Queríamos criar uma história que demandasse a dimensão de um filme. Os ‘Simpsons – O Filme’ não é simplesmente a junção de três episódios do programa”, conta Al Jean que, além de ser produtor e roteirista do longa, é o atual diretor da série. Além disso, como afirma o criador Matt, não havia um número suficiente de profissionais para animar um programa de tv e um filme simultaneamente. “À época, não tínhamos uma equipe de roteiristas e animadores à disposição. Diferentemente da maior parte das séries, Os Simpsons nunca sofreu interrupção. Dedicamos toda a nossa energia ao programa, sempre com a preocupação de não prejudicá-lo em função da elaboração de um filme”.

Então, superado o problema de recursos humanos (aliás, o seriado contou, em determinado momento, com duas salas de redatores), foi possível a concepção do longa. No roteiro para as telonas, Springfield está sofrendo com o problema da poluição e, por isso, Lisa inicia uma campanha para limpar o lago da cidade. Claro que Homer dá um jeito de estragar tudo. E isso é tudo o que eu vou contar, seguindo a linha dos trailers e da produção. Qualquer outra coisa que eu diga, é spoiler...

Agora, o filme tem que superar dois grandes desafios: atingir as expectativas do público e manter o nível da série. Para isso, o diretor David Silverman (supervisor da direção de animação do seriado) contou com um verdadeiro dream-team de produtores e diretores, composto por ninguém menos que James L. Brooks (consultor dos redatores de Os Simpsons e vencedor de três Oscar por Laços de Ternura), Matt Groening e Al Jean entre outros. Com essa equipe de escritores super acostumados com as figuras de Springfield, ficou fácil produzir uma película que seguisse o seriado e fizesse o cinema rir o tempo todo.

Tenho certeza de que os fãs de Bart e companhia estão muito ansiosos e receosos pela estréia. A expectativa de ver Os Simpsons no cinema é grande e o medo de o filme ficar aquém do que se espera também. Mas podem ficar tranqüilos: “Os Simpsons – O Filme” é uma das melhores animações e uma das melhores comédias já feitas. É muito difícil ir ao cinema e assistir a um filme que faz toda a platéia rir o tempo todo (na verdade eu nunca tinha visto isso acontecer). Além disso, uma comédia capaz de combinar diversos tipos de humor sem exageros é uma jóia rara atualmente. As cenas “pastelão” com Homer e as piadas políticas convivem em plena harmonia.

Uma das características da série que foi mantida no filme é a contextualidade das piadas e as inúmeras referências que se fazem a diversos assuntos. Do pano de fundo para a trama (os problemas ambientais) às piadas com referência a outros filmes e a personalidades contemporâneas, o longa é atual e traz temas que fazem parte do nosso cotidiano.

Porém, para os mais exigentes, uma coisa pode causar estranhamento no começo: o dublador que faz a voz do Homer em português não é o mesmo das telinhas, mas essa diferença é rapidamente esquecida.

“Os Simpsons – O Flme” é muito engraçado, fiel a série e explora muito bem os recursos do cinema na adaptação para as telonas. Sendo ou não fãs da família Simpsons, não perca essa excelente comédia, um achado em meio a avós poderosas, sogras malévolas e Noés em Washington.

Simpsons – O Filme (The Simpsons Movie)
EUA, 2007
Direção: David Silverman Elenco: Dan Castellaneta, Julie Kavner, Nancy Cartwright, Yeardley Smith. Duração: 87 min.











15.8.07

Nada Poderoso

Rafael Benaque

Em sua primeira aparição, Deus emprestou seus poderes para o fracassado repórter Bruce Nolan (vivido por Jim Carrey, fora da seqüência). Dessa vez, o todo poderoso (que encarna em Morgan Freeman) resolve dar uma lição no rival de Bruce, o âncora de telejornal recém-eleito para o congresso norte-americano, Evan Baxter (Steve Carrel, de Pequena Miss Sunshine).

“A Volta do Todo Poderoso” começa na despedida de Evan da televisão, quando este se muda para uma bela casa em Washington. Lá, coisas estranhas acontecem, como o relógio (da marca Gênesis) que sempre desperta às 6:14, mesmo programado para tocar às 7:00, ou então as ferramentas e tábuas de madeira que são enviadas para a casa do novo congressista . Como Evan insiste em ignorar esses sinais, Deus entra em cena para comunicar que ele deve construir uma nova arca de Noé (se você, como eu, não conhece a Bíblia, o versículo 14 do capítulo 6 do Gênesis é: “Faze para ti uma arca de madeira resinosa: dividi-la-ás em compartimentos e a untarás de betume por dentro e por fora”).

Mas a tarefa não para por aí: a barba de Evan cresce sem parar, Deus o obriga a usar uma túnica em farrapos e faz com que os animais o sigam para todos os lugares, com direito a transformação do gabinete do ex-âncora em viveiro de pássaros. Com isso, perde seu emprego e é abandonado por sua mulher, Joan Baxter (Lauren Grahan, a Lorelai do seriado Gilmore Girls) e seus três filhos.

Depois do primeiro filme que, apesar de controvérsias arrancou boas risadas do público de modo geral, criou-se uma expectativa em torno de “A Volta do Todo Poderoso”. Porém o filme é extremamente idiota, sem-graça e repetitivo. Uma cena, por exemplo, mostra Evan acertando o dedo com um martelo e caindo de cima das tábuas de madeira dezenas de vezes seguidas. Na primeira vez, até é engraçado, mas depois da (sem exagero) décima vez... Realmente, misturar pastelão com humor por repetição não funciona. Além disso, o filme insiste em ter uma mensagem moralizante. Qual é o propósito disso? A inundação em Washington é muito mais profunda que a moral dessa fábula.


Apesar de tudo isso, o filme tem algumas coisas positivas. Em primeiro lugar, merece destaque o trabalho de adestramento dos animais, que se comportam muito bem durante as filmagens. Outro ponto alto é a trilha sonora que, além de contar com diversos spirituals (músicas religiosas bem no estilo de Mudança de Hábito), também causa humor quando toca “Sharp Dressed Men” do ZZ Top com o Evan tentando vestir o terno sobre a túnica. Essa cena e mais duas ou três piadas são os únicos momentos que o filme te faz rir de verdade, isto é, achar graça sem pensar “que negócio imbecil!”.

“A Volta do Todo Poderoso” é um daqueles filmes pra ser assistido se você tem o dinheiro da entrada do cinema e da pipoca sobrando, além de um tempinho pra jogar fora. Do contrário, fique em casa. Perde-se menos.


A Volta do Todo Poderoso (Evan Almighty)
EUA, 2007
Direção: Tom Shadyac Elenco: Steve Carrel, Morgan Freeman, Lauren Grahan e John Goodman. Duração: 90 min.