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As grandes esperanças do pequeno italiano

Cris Sinatura
Em meio à neve e ao céu cinzento da Rússia, um casal italiano visita um orfanato a fim de adotar uma criança. Vanya (Kolya Spiridonov) tira sorte grande e é imediatamente contemplado pela afeição de seus futuros pais, causando alvoroço e mesmo inveja entre os outros órfãos.

Entretanto, durante os dias que levam os trâmites da adoção, uma mãe desesperada aparece no orfanato à procura do filho que ela abandonara anos antes e que agora havia sido adotado por outra família. Acuado pela idéia de que o mesmo desencontro lhe aconteça caso sua mãe biológica um dia decida procurá-lo, Vanya decide abrir mão do conforto da vida na Itália e sai em busca de sua mãe verdadeira.

A despeito da ingenuidade dos seus seis anos, Vanya empreende-se na aventura e planeja sua fuga do orfanato. Aprende a ler com a ajuda da adolescente Irka (Olga Shuvalova) e, a partir daí, descobre informações sobre seu próprio passado nos arquivos confidenciais da diretoria. Assim, com dinheiro roubado por Irka, toma sozinho um trem e se mete em diversas ciladas, descobrindo que o mundo pode ser ruim - como quando apanha de pivetes - e bom ao mesmo tempo - ao receber ajuda de transeuntes para encontrar o endereço que procura.

"O pequeno italiano" é a versão russa da história-clichê sobre as aventuras da criança órfã em busca de seus pais, já enfadonhamente abordada em filmes, livros e novelas. Entretanto, o diretor Andrei Kravchuk, novato em longas-metragens, consegue explorar o drama sob uma ótica diferente, desenhando o retrato da Rússia atual. Kravchuk deixa claro que sua intenção é necessariamente apontar as desgraças de seu país, baseando-se em fatos reais tirados de uma notícia de jornal.

O filme, apesar do enredo sem grande criatividade, consegue surpreender em sua cena final, que, em detrimento da previsibilidade, apresenta-se de maneira um tanto misteriosa. As rédeas são entregues à imaginação do espectador. Além disso, o longa traz uma carga de emoção e sentimentalismo que torna quase que plenamente perdoáveis esses deslizes quanto à originalidade. Não vai ser difícil ver pessoas saindo da sessão com os olhos vermelhos.

Destaca-se também a atuação cativante e carismática de Kolya Spiridonov, que encarna as dores do órfão de seis anos de maneira extremamente convincente e destoante da postura que crianças de filmes hollywoodianos costumam adotar em suas atuações. O resto do elenco também constitui-se positivamente de atores não-profissionais, o que, junto com a utilização de cenários reais em alguma parte não especificada da Rússia, confere naturalidade à trama e seu drama.

Talvez por isso "O pequeno italiano" tenha angariado diversos prêmios, entre eles o de Melhor Filme no Festival de Berlim de 2005, além de representar a Rússia na tentativa de conseguir uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2006.

"O pequeno italiano" é de uma beleza indiscutível. Não necessariamente pelo roteiro, mas sim por mostrar nas entrelinhas do drama do pequeno Vanya que a esperança deve permanecer constantemente viva e que a acomodação às situações inconvenientes deve ser sempre refutada.


O Pequeno Italiano (Italianetz)
Rússia, 2005
Direção: Andrei Kravchuk Elenco: Kolya Spiridonov, Denis Moiseenko, Sasha Sirotkin, Olga Shuvalova
Duração: 99 min

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