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Procura, mas não acha

Rodolfo Mendes

Quem diria, há 10 anos, ninguém seria capaz de dizer (e com razão) que Will Smith iria concorrer ao Oscar ou a um Globo de Ouro. O adolescente negro que virou febre nos Estados Unidos com o hit "Parents Just Don't Understand" e o seriado "The Fresh Prince Of Bell Air" (cujo tema de abertura ele canta até hoje nos raros shows que realiza) cresceu, deixou a música em segundo plano, e resolveu enfrentar os desafios de Hollywood.

Depois do fim do seriado que o afamou mundo afora, ele atuou em diversos filmes como as franquias Bad Boys e MIB. No entanto, ficava mais do que evidente que em quase todos os filmes e seriados, Will Smith simplesmente fazia caras e bocas de si mesmo; a semelhança entre todos esses personagens não era mera coincidência (e o megasucesso 'Big Willie Style' só serviu para enfatizar essa imagem).

O divisor de águas foi "Ali", o filme que conta a vida do famoso boxeador rendeu a Smith uma indicação ao Oscar de melhor ator em 2002 (a primeira vez que dois atores negros concorreram ao prêmio ao mesmo tempo, sendo que o ganhador foi Denzel Washington) e mostrou que ele sabia, sim, ir além do que já tinha feito, mesmo que fosse preciso uma referência viva para tal.

O seu maior sucesso, entretanto, fica por conta da película posterior "Hitch", que arrecadou mais de 350 milhões de dólares no mundo todo e o colocou à frente de nomes como Tom Cruise e Tom Hanks no circuito cinematográfico (logicamente, estamos falando de rentabilidade financeira).

"À Procura da Felicidade", filme que estréia em salas tupiniquins, provavelmente irá render a Will Smith sua segunda indicação ao Oscar (além de horrores nas bilheterias). Novamente no papel de uma pessoa que existiu de verdade, agora ele é Chris Gardner, homem negro norte-americano que aos poucos vê sua vida ruir: sua mulher o abandona com o filho pequeno (interpretado pelo seu filho na vida real, Jaden Smith) e o deixa numa cruzada arriscada pelo sucesso. A história é a de sempre: eles passam por privações e se viram como podem, Gardner tem um emprego irregular de vendedor e ainda resolve e se arriscar em um estágio não remunerado para ter a chance de conseguir um emprego numa empresa financeira de alto calibre.

Hoje Gardner é dono de sua própria empresa de especulação financeira e tem seus milhões de dólares na conta, mas a história vale mesmo pelas atuações de Smith e seu filho, e de como eles se viraram entre os percalços e o moralismo que tenta ensinar a seu rebento. O destaque fica por conta do frisson do final, introspectivamente explosivo (de felicidade, óbvio).

É a conhecida história do sonho americano se tornando realidade, mas este filme é um drama, e não um melodrama. Will Smith pode até merecer sua segunda indicação, mas dificilmente vai levar a estatueta pra casa.

À Procura da Felicidade (The Pursuit of Happyness)
EUA, 2006
Direção: Gabriele
Muccino Elenco: Will Smith, Jaden Smith, Thandie Newton, Brian Howe e Dan Castellaneta Duração: 117 min.