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Entre a magia e o medo

Luiz Prado

Estamos em 1944, cinco anos após a Guerra Civil Espanhola. Ofélia (Ivana Baquero) é uma garota de 13 anos que se muda com a mãe grávida, Carmen (Ariadna Gil), para o interior da Espanha. As duas irão morar com Vidal (Sergi López), capitão do exército franquista e novo marido de Carmen. Sua missão é acabar com a resistência republicana que se abriga além dos montes e para isso transformou um velho moinho em centro de operações de sua tropa.

O final da gravidez traz complicações para a mãe de Ofélia, que adoece e fica sob os cuidados do Doutor (Alex Ângulo). Solitária e não simpatizando com o capitão, a garota acaba encontrando um antigo labirinto nos arredores do moinho. Lá reside uma criatura fantástica chamada Fauno (Doug Jones), que revela ser Ofélia a princesa um reino mágico há muito aguardada. Para que ela possa retornar a ele, contudo, deverá realizar três tarefas antes que a lua cheia surja nos céus.

Enquanto Ofélia cumpre as missões determinadas pelo Fauno, a situação na região se agrava. Mercedes (Maribel Verdú), criada de Vidal, auxilia os republicanos com alimentos e remédios dos fascistas, temerosa de que sua traição seja descoberta. Ao mesmo tempo os franquistas estudam os movimentos finais para iniciar a aniquilação da resistência.

Guillermo del Toro oferece ao público um filme vibrante e sentimental. A conjugação de fantasia com fatos históricos cria uma espécie de nostalgia e mistério, remetendo há uma época na qual, por mais que nos dissessem que seres mágicos não existem, poderíamos continuar acreditando que eles estavam lá. López, como o capitão fascista, transpira crueldade e maldade calculada, enquanto Ivana Baquero, no papel da jovem Ofélia, transmite a força da crença na magia e em um outro mundo, mais fantástico e agradável do que aquele em que vivemos.

A equipe técnica do filme merece aplausos de pé. Enquadramentos e iluminação magistralmente registram uma atmosfera misteriosa e obscura. Cenários, figurinos e maquiagem são excepcionais. As criaturas que Ofélia encontra durante sua missão saltam da tela, como se realmente pudessem existir. A casa de Vidal, antiga e imponente, nos leva imediatamente à primeira metade do século XX. Destaque para a cena do Homem Pálido, uma das mais fantásticas e angustiantes do filme.

Uma fábula sobre opressão, resistência e coragem, O Labirinto do Fauno é cinema como há tempos não se vê. Um recordatório tanto do lado negro da humanidade, quanto das mais elevadas virtudes humanas, como o sacrifício e a persistência em lutar pelo que se acredita ser certo.

O Labirinto do Fauno (El Laberinto del Fauno)
México/Espanha/EUA, 2006 Direção: Guillermo del Toro Elenco: Sergi López, Maribel Verdú, Ivana Baquero, Alex Ângulo e Doug Jones. Duração: 112 minutos.