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Equilíbrio rompido

Carlos Giffoni

Departamento Estadual de Polícia de Massachusetts, Boston. Crime organizado, Boston. Dois homens, dois segredos, uma única e íntima relação.

Colin Sullivan (Matt Damon) é um brilhante rapaz. Órfão desde muito pequeno, aprendeu a sobreviver nas ruas de sua cidade com uma pequena grande ajuda de Frank Costello (Jack Nicholson), o chefe das organizações criminosas da região. Colin tinha uma vontade: crescer dentro da polícia de Boston. E esse não era um desejo apenas seu, claro que Frank via uma oportunidade de ouro em ter alguém infiltrado dentro da instituição que o perseguia. Assim, Costello funciona como um mecenas para Sullivan, porque o trabalho que os dois arquitetam e desenvolvem juntos pode ser considerado uma obra de arte.

Billy Costigan (Leonardo DiCaprio) tem um histórico familiar pesado, o que acaba dificultando a sua entrada na polícia mesmo após passar por um difícil processo de preparação. Nas últimas instâncias da seleção, lhe foi perguntado qual era o seu verdadeiro objetivo: servir ao estado, confrontar o passado obscuro que carregava por sua família, ou ser um funcionário do crime que fingia idolatrar o trabalho apenas para obter informações úteis? Para comprovar suas intenções, Billy vê-se diante de um grande desafio: conquistar a confiança da máfia de Costello e, a partir do momento em que estivesse infiltrado, coletar material para a condenação do homem mais perseguido pela polícia de Boston.

Os dois homens carregam passados divergentes, mas acabam tendo um conflito em comum: suas identidades são postas à prova diante de um ideal. Pode-se dizer que a história tem quatro principais mini-personagens (Colin e Billy com suas duplas personalidades), e a maneira como os cortes são feitos dá uma certa cadência à filmagem, sóbria e concisa. Não é um simples filme policial, sua trama aborda conflitos pessoais e profissionais dos protagonistas, e o jogo de identidades a que são submetidos não se torna previsível, pelo contrário, a cada instante temos novas situações e revelações dos membros envolvidos na trama.

A relação entre Martin Scorsese e DiCaprio volta a dar certo depois do fiasco em “O Aviador”, quando o ator interpretou Howard Hughes, personagem título. Seu papel em “Os Infiltrados” exige certa maturidade, como ocorreu em “Gangues de Nova Iorque”, e o mocinho frustrado por ainda não ter sido reconhecido pela Academia pode, ao menos, dizer que fez um bom trabalho. Chega a parecer que o próprio Leonardo passou por tais situações e sabe muito bem como é ser outra pessoa. Neste filme, aquele cara rebelde rejeitado pela polícia faz por merecer aquilo que desejava, seu orgulho ferido serviu como combustível na hora de entrar em ação e passar por um criminoso, alguém que ele não era. Talvez seu orgulho ferido tenha também sido ativado na vida real.

A decepção está em Matt Damon. O garoto prodígio de “Gênio Indomável”, que apontou como
promessa para o cinema num futuro próximo, hoje está marcado por trabalhos apenas regulares, como visto em “O Talentoso Ripley”. Damon falseia um sotaque suburbano de maneira horrível e resume as dificuldades pelas quais seu personagem passa a gritos e socos, alternando tais momentos com carinhos e fragilidades tanto em seu departamento como em sua casa, com sua namorada.

No caso de Jack Nicholson, temos apenas mais um filme em que sua característica atuação deve ser reverenciada. Sutilmente cômico quando o momento exige drama; profundo nas situações mais banais e perspicaz para captar a individualidade de cada personagem que representa. O premiado ator é um ótimo antivilão, daqueles para os quais a platéia torce.

O elenco em “Os Infiltrados” não está só nos grandes nomes dos créditos. Martin conseguiu extrair muito de cada ator, inclusive dos coadjuvantes, entre eles Mark Wahlberg e Martin Sheen (coordenadores da missão de Costigan), e Vera Farmiga, que se envolve com os dois infiltrados, mas de maneiras diferentes: Sullivan era seu namorado, Costigan, freqüentador de seu divã.

O filme é uma promessa para o Oscar 2007, sendo a direção um aspecto que merece destaque. Scorsese consegue clarear o roteiro fragmentado e complexo, que envolve muitas trocas de posições, desafios, jogos e conflitos propostos. “O meio não muda você, é você que muda o meio”.

Apesar da brilhante condução de todo o roteiro, o final não foge do estilo tradicional de filmes policiais. Inteligente, porém apelativo. Surpreendente, mas vago em alguns momentos. Só esqueceram de pontuar que tiros para todos os lados nem sempre é a melhor solução.

Os Infiltrados (The Departed)
EUA, 2006
Direção: Martin Scorsese. Elenco: Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Jack Nicholson, Martin Sheen e Mark Wahlberg. Duração: 151 minutos.

tem um "lhe" depois de vírgula, fora um trama perdido debaixo de uma foto... não fui eu quenm fez isso, caros leitores!!!!!!!

hauhauhauahu

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