« Home | Mais que sonhadores » | Casos do acaso » | Um pouco de realidade » | As Cores e os Sons da Cegueira » | “Assim externarei a lembrança de um passado sombrio” » | » | Ilusão de ótica » | Morte aos leões » | Jantando no Inferno » | O Infiltrado »

No fim do mundo... E no fim da trilogia


Rafael Teixeira

Com certeza, quando o Pérola Negra tomou os mares, ninguém esperava que ele o fizesse mais outras duas vezes na grande telona. O que parecia apenas um blockbuster, entretenimento familiar, diversão despretensiosa e filme-pipoca, acabou se tornando um fenômeno de bilheteria e lançou moda. Piratas do Caribe se tornou uma das seqüências mais proveitosas da Disney. A franquia reviveu as grandes histórias de pirataria e ainda lançou um ícone cinematográfico, interpretado por Johnny Depp: Jack Sparrow, o malicioso, esperto, carismático, engraçado e afetado pirata, capitão da agora famosa embarcação.

Piratas do Caribe: No Fim do Mundo, é o último capítulo da trilogia bucaneira, mas não fique surpreendido se por acaso surgir um quarto episódio. Dessa vez Will Turner (na atuação enjoativa de Orlando Bloom) e Elizabeth Swann (e os biquinhos típicos de Keira Knightley) com a ajuda do ressuscitado capitão Barbossa (o divertidíssimo Geoffrey Rush) e toda a tripulação do Pérola Negra, tem de resgatar Sparrow do mundo dos mortos.

Isso porque, dando continuidade aos dois outros filmes, Lord Cutler Beckett tomou conta dos mares e a pirataria corre o risco de deixar de existir para sempre. Assim, é convocada Confraria dos Lordes Piratas, grupo dos nove maiores capitães dos quatro cantos do mundo (que incluem Sparrow e Barbossa) para que possam decidir o que fazer diante de sua completa aniquilação. Ainda volta também o temido Davy Jones, que acaba sendo chantageado a lutar do lado de Beckett.

No Fim do Mundo deixa a desejar em todos os aspectos, exceto em beleza visual. Por uma bagatela de 300 milhões de dólares, a Disney criou cenários incríveis, batalhas épicas, monstros mais que realistas e tudo o que não pode faltar num blockbuster de aventura. De resto o filme é no mínimo confuso, com uma teia de traições e negociações difícil de acompanhar, e enfadonha se você considerar que o filme tem seus “rápidos” 168 minutos. Sem falar nas inúmeras informações inseridas de sopetão, sem nenhuma menção nos outros dois filmes, como a deusa Calypso, a própria Confraria, etc. Mas se você não der a mínima para esses detalhes do roteiro, pode aproveitar a ação desenfreada.

De atuações mesmo, só a de Geoffrey Rush e Johnny Depp, que ainda consegue ser bastante engraçado, mesmo que todos os trejeitos de Sparrow já estejam visivelmente desgastados nesse terceiro episódio. E se você prestar bastante atenção, atenção mesmo, você encontrará um Chow-Yun Fat cheio de cicatrizes como o capitão Sao Feng, em uma participação quase relâmpago, um mero coadjuvante estrelinha pra rechear os cartazes do filme. Há ainda outra participação rápida nesse capítulo final, uma menor ainda que a de Fat, mas que está sendo muito mais comentada, a do Rolling Stone Keith Richards, como figura paterna de Sparrow.

E depois de todo aquele tempo sentado olhando para mais água e água, o filme acaba num daqueles finais bem decepcionantes. Aí você sai da sala confirmando a teoria de que seqüências que surgem pelo sucesso de seus episódios anteriores só tendem a piorar mesmo, mas nem isso você ousa falar porque já é mais que óbvio. Deve ser coisa de cabala, numerologia. O três não deve trazer muita sorte ou coisa do gênero. E levando em consideração que praticamente estamos no ano do três, e que o novo do Homem-Aranha também foi uma grande decepção... Resta esperar Shrek Terceiro para confirmar a maldição desse número.

Piratas do Caribe: No Fim do Mundo (Pirates of the Caribbean: At the World’s End)
EUA, 2007
Direção: Gore Verbinski Elenco: Johnny Depp, Geoffrey Rush, Orlando Bloom, Keira Knightley e Chow-Yun Fat. Duração: 168 min.