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Não resolvido

Bruno Benevides

O tema do serial killer é explorado pelo cinema há muito tempo. Clássicos como M, o Vampiro de Dusseldorf, de Fritz Lang e Zaroff, o Caçador de Vidas, de Irving Pichel e E. B. Schoedsack, inauguraram este subgênero do suspense na longínqua década de 30. Desde então muitos já voltaram ao assunto, mas ele andava meio morto (sem trocadilhos) até que Bryan Singer, com Os Suspeitos, e David Fincher, com Se7en, o trouxeram de volta em meados dos anos 90. Era grande, portanto, a expectativa para Zodíaco, que marca a volta de Fincher ao universo desses assassinos.

O filme se baseia na história real do serial killer Zodíaco, que entre o fim da década de 60 e o começo da década de 80 assustou São Francisco, matando de 5 a 12 pessoas (a policia não sabe quantas foram as vitimas) e mandando cartas com charadas para os jornais. O caso não foi resolvido até hoje. Como fonte, foi utilizado o livro homônimo de Robert Graysmith, um dos participantes da investigação.

Assim não é de se estranhar que Graysmith se torne o protagonista do filme, interpretado por Jake Gyllenhaal. Cartunista do San Francisco Chronicle, ele é um anti herói no melhor estilo Peter Parker, tímido, atrapalhado e sem sorte com mulheres. Logo que a primeira carta do assassino chega à redação ele passa a fazer uma investigação independente, auxiliando o jornalista drogado Paul Avery (Robert Downey Jr.), que cuida do caso. É só enquanto ele está em cena, aliás, que o filme funciona. Os dois são obrigados a se relacionar ainda com a dupla de detetives Dave Toschi (Mark Ruffalo), o brigão, e Bill Armstrong (Anthony Edwards), o sério, que conduzem as investigações.

O elenco se completa com Brian Cox como o advogado estrela Melvin Belli, que serve como alívio cômico no pouco tempo em cena, e Chloë Sevigny como o dispensável interesse amoroso de Graysmith. Merecem destaque ainda dois suspeitos de serem o assassino. Primeiro John Carroll Lynch, que faz o misterioso Arthur Leigh Allen, o principal candidato a ser o Zodíaco. O outro é John Ennis, que como Terry Pascoe protagoniza, em sua única aparição, a melhor cena do filme.


Como é comum nas obras de Fincher, a parte técnica é bem realizada. A fotografia é segura e sem excessos. Figurino e direção de artes seguem pelo mesmo caminho, conseguindo criar uma São Francisco de quarenta anos atrás sem os costumeiros exageros. A cidade é real, acinzentada e misteriosa como toda grande metrópole. Mas o ponto alto é a trilha sonora, cheia de rocks daquele período que dão o clima certo para o filme. Pena que isso seja a única coisa que você vai se lembrar ao sair do cinema.

A história é dividida em duas partes. De um lado há a investigação sobre o assassino, conduzida como suspense. Do outro há um thriller psicológico que tenta entender a relação paranóica de Graysmith pelo caso. O problema é que os dois falham. O suspense não empolga. O Zodíaco mata enquanto quer e então para. Os policias investigam, investigam, não descobrem nada e desistem. Só Graysmith ainda persegue a história, mas no fim chega a conclusão que todos já tinham chegado. Já a tentativa de explicá-lo é rasa, já que apenas é mostrada sua obsessão pelo assassino, sem tentar entendê-la. No fim o filme cansa e não explica seu longo tempo de quase três horas.

Zodíaco é assim um filme bem feito tecnicamente, mas rapidamente esquecível. Não foi dessa vez que Fincher voltou à forma de Se7en e Clube da Luta. Quem sabe na próxima.

Zodíaco (Zodiac)
EUA (2007)
Direção: David Fincher Elenco:Jake Gyllenhaal, Mark Ruffalo, Robert Downey Jr., Anthony Edwards e Chloë Sevigny Duração: 168 min.

Adorei a resenha, mas mesmo com essa opiniao, do filme nao trazer nada, fiquei afim de ve-lô.

Põ bene!?

Falar bem de se7en e clube da luta e descer pau no Zodíaco? Como assim? Esse é o filme mais 'sério' do fincher, ezatamente sem os exageros de ambos. É um filme sobre a obsessão e não matança.
É um filme sobre uma obsessão de mais de 10 anos e o filme dura isso mesmo, ele se arrasta (no bom sentido), ele não quer fazer concessões ao público ou a uma prestensa 'dramaturgia'.
Enfim!

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